terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A ESPIRITUALIDADE NÃO PODE VIR DO DESEJO

A ESPIRITUALIDADE NÃO PODE VIR DO DESEJO Duas coisas a serem lembradas. Primeira: a espiritualidade não pode vir do desejo, porque o desejo é a raiz causal de toda a nossa ansiedade e angústia. E você não pode dirigir seus desejos para o reino espiritual. Mas isso acontece, é natural, porque conhecemos somente um movimento - que é o desejo. Nós desejamos as coisas do mundo. Alguém deseja riqueza, alguém deseja fama, alguém deseja prestígio e poder, ou outra coisa qualquer. Desejamos coisas do mundo e, através desse desejar, ficamos frustrados. Você pode alcançar a riqueza, mas a esperança que estava dependurada ali - o sonho de felicidade, de bem-aventurança, de uma vida extasiada - isso não é preenchido. Se a riqueza é alcançada, então também, você se sentirá frustrado, porque a promessa não é preenchida, o sonho não é preenchido. Tudo está ali. Os meios estão ali, e o fim escapou. O fim é sempre ilusório. E o desejar é o problema, não o que você deseja - este não é o problema. O que você deseja não é o problema - você desejar é o problema. Agora você está novamente desejando e você ficará frustrado do mesmo jeito. Se você alcançar, ficará frustrado. Se você não alcançar, ficará frustrado. O mesmo acontecerá a você, porque você não foi capaz de ver o pormenor, você perdeu o pormenor. E, quando você deseja, a impaciência fatalmente está presente, porque a mente não quer esperar, a mente não quer adiar. Ela é impaciente. A impaciência é a sombra do desejo. Quanto mais intenso o desejo, mais impaciência existirá. E a impaciência criará perturbação. Assim, como você alcançará a meditação? O desejo criará movimento na mente e, então, o ato de desejar criará impaciência, e a impaciência o levará a mais perturbações. Assim, acontece - e eu observo isso diariamente - que uma pessoa que esteve vivendo uma vida muito mundana, não era comumente tão perturbada. Quando essa pessoa começa a meditar, ou a buscar a dimensão religiosa, ela se torna mais perturbada, mais do que nunca. A razão é que agora ela tem um desejo ainda mais intenso, portanto mais impaciência. E, com as coisas mundanas, as coisas eram tão reais e objetivas, que ela podia esperar por elas - elas estavam sempre a seu alcance. Agora, no reino espiritual, as coisas são tão evasivas, tão distantes... - elas nunca parecem estar ao alcance. A vida parece ser muito curta e, agora, o objeto de desejo parece ser infinito - há mais impaciência e, então, mais perturbação. E com uma mente perturbada como você pode meditar? Assim, isso vira um enigma. Tente compreender isso. Se você está realmente frustrado e chegou a sentir que tudo o que está fora é fútil - dinheiro ou sexo ou poder ou prestígio, tudo fútil - se você chegou a esta percepção, então, uma profunda percepção também é necessária. Se essas coisas são fúteis, então, o ato de desejar é até mais fútil: você deseja e deseja e nada acontece - e seu ato de desejar cria a miséria. Olhe para o fato de que o ato de desejar cria miséria. Se você não deseja, não há miséria. Assim, abandone o ato de desejar. E não crie um novo desejo: simplesmente abandone o ato de desejar. Não crie um desejo espiritual. Não diga: "Agora eu estou indo em busca de Deus. Agora eu estou indo descobrir isto e aquilo. Agora, eu vou perceber a verdade.". Não crie um novo desejo. Se você criar, isso mostra que você não compreendeu sua miséria. Olhe para a miséria que o desejo cria. Sinta que o desejo é miséria e abandone-o. Nenhum esforço é necessário para abandoná-lo. Lembre-se: se você fizer um esforço, você criará um outro desejo. Eis por que você precisa de algum outro desejo, porque, então, você pode deixá-lo. Se algum outro desejo existir, você pode se dependurar nele. Você pode agarrar-se ao novo desejo e pode deixar o antigo. Deixar o antigo é fácil se você tem algo novo a conseguir, mas, então, você está perdendo todo o pormenor. Simplesmente deixe o desejo, porque ele é miséria; e não crie um novo desejo. Célio José Bighetti – Psicoterapeuta Holístico e Instrutor de Meditação.

A BUSCA ESPIRITUAL

Busca espiritual significa chegar a um acordo com a realidade atual, não com uma projeção sonhadora. Toda a nossa vida é apenas uma projeção, sonhos projetados. Ela não existe para conhecer o que é; existe para se obter o que é desejado. Você pode tomar a palavra "desejo" como um símbolo do que nós chamamos de vida. A vida é uma projeção dos desejos: você não está à procura do que é; está à procura do que é desejado. Você continua desejando e a vida continua sendo frustrante porque ela é como é. Ela não pode ser como você quer. Você fica desiludido. Não porque a realidade seja antagônica a você, mas sim porque você não está em sintonia com a realidade, apenas com seus sonhos. Seus sonhos têm uma desilusão que o arruínam. Enquanto você está sonhando, tudo está certo; mas quando qualquer sonho é alcançado, tudo se torna desilusão. Busca espiritual significa conhecer essa parte negativa: esse desejar é a raiz causal da frustração. Desejar é criar um inferno por livre e espontânea vontade. Desejar é estar no mundo: ser mundano é desejar e continuar desejando, sem nunca tornar-se alerta de que cada desejo não dá em nada além de frustrações. Uma vez que você se torna alerta para isso, então não mais deseja. Ou seu único desejo é conhecer o que realmente é. Nesse momento, você decide: "Não continuarei projetando a mim mesmo, conhecerei o que é. Não porque devo ser desse modo e a realidade deva ser daquele outro modo, mas apenas por isto: quero conhecer a realidade seja ela qual for— nua como ela é. Não projetarei, não entrarei nisso. Quero encontrar a vida como ela é". Ai começa a busca espiritual....a busca daquilo que É. Célio José Bighetti – (Swami Dharma Grahi) – Psicoterapeuta da Alma.