sábado, 21 de março de 2009


ALÉM DAS FRONTEIRAS DA MENTE


Há dois planos em você: o plano da mente e o plano da não-mente. Ou, de outro jeito: o plano em que você está na periferia do seu ser e o plano em que você está no centro do seu ser. Todo círculo tem um centro - você pode saber disso, você pode não saber. Talvez nem mesmo suspeite que existe um centro, mas ele tem de existir. Você é uma periferia, você é um círculo: há um centro. Sem o centro, você não pode existir; há um núcleo do seu ser.
Nesse centro, você já é um buda, um siddha, alguém que já chegou em casa. Na periferia você está no mundo - na mente, nos sonhos, nos desejos, nas ansiedades, em mil e um jogos. Você é ambos.
Pouco a pouco, você se tornará capaz de mover-se da periferia para o centro e do centro para a periferia com muita facilidade – exatamente como você entra em sua casa e sai de lá. Você não cria qualquer dicotomia. Não diz: “Estou fora de casa, então como é que vou entrar”; você não diz: “Estou dentro de casa, como posso sair?” Tem sol lá fora, está quente, agradável; você se senta no jardim. Então esquenta muito e você começa a suar. Agora não está mais agradável – está ficando incômodo: você simplesmente se levanta e entra em casa. Ali está fresco, não há nenhum desconforto, está agradável. Você continua a entrar e sair.
Do mesmo modo, um homem de consciência e compreensão se move da periferia para o centro e do centro para a periferia. Ele nunca se fixa em algum lugar. Do mercado para o mosteiro, do sansar para o sânias, da extroversão para a introversão – ele está se movendo continuamente, porque essas duas coisas são as suas asas, não estão em choque uma com a outra. Podem ser equilibradas em direções opostas – têm de ser; se ambas as asas estiverem de um lado, o pássaro não poderá voar para o céu. Elas têm de estar equilibradas, em direções opostas, mas ainda assim pertencem ao mesmo pássaro, e servem ao mesmo pássaro. Seu interior e seu exterior são as duas asas. Isso precisa ser lembrado muito profundamente, porque há uma possibilidade... a mente tende a fixar-se. Há pessoas que se fixam no mundo exterior; não querem sair dele, dizem que não têm tempo para a meditação, dizem até mesmo que , se o tivessem, não saberiam como meditar e não acreditam que possam meditar. Dizem que são mundanas – como podem meditar? Elas são materialistas – como podem meditar? Elas dizem: “Infelizmente, somos extrovertidas – como podemos ir para dentro?” Elas escolheram apenas uma asa. E é claro, se isso resultar em frustração, é natural. Com apenas uma das asas fatalmente haverá frustração.
Então, há pessoas que se cansam do mundo e fogem dele, vão para os mosteiros, para os Himalaias, tornam-se saniássins, monges: começam a viver sozinhas, forçam-se a ter uma vida de introversão. Elas fecham seus olhos, fecham todas as suas portas e janelas, tornam-se como mônadas de Leibnitz –sem janelas; então ficam entediadas.
No mundo das coisas diárias elas estavam fartas, cansadas, frustradas. Era como um manicômio; elas não conseguiam repousar. Havia muitos relacionamentos, poucos feriados e pouco tempo para si mesmas. Elas estavam caindo na matéria, perdendo o contato com os seus seres. Estavam se tornando cada vez mais e mais materiais e menos e menos espirituais. Elas estavam perdendo a direção. Estavam perdendo a própria consciência de que existiam. Elas fugiram. Fartas, frustradas, fugiram. Agora estão tentando viver sozinhas – uma vida de introversão. Mais cedo ou mais tarde elas ficarão entediadas. Novamente elas escolheram uma nova asa, mas novamente uma só asa. Esse é o caminho para uma vida desequilibrada. Elas incorreram no mesmo erro, no polo oposto.
Não seja a favor disso ou daquilo. Torne-se tão capaz em viver o dia-a-dia e a ainda assim ser meditativo. Relacione-se com as pessoas, ame-as, tenha milhões de relacionamentos – porque eles enriquecem... – e, ainda assim, continue a ser capaz de fechar suas portas e, algumas vezes, tirar uma folga de todos os relacionamentos, de modo que você possa relacionar-se com seu próprio ser também.
Relacione-se com os outros, mas relacione-se consigo também. Ame os outros, mas ame a si mesmo também. Saia! – o mundo é belo, cheio de aventuras; é um desafio, ele o enriquece. Não perca essa oportunidade! Sempre que o mundo bater à sua porta e chamá-lo, saia! Saia sem medo, não há nada a perder, há tudo a ganhar.
Mas não se perca. Não vá, permaneça lá e se perca. Algumas vezes, volte para casa. Algumas vezes esqueça o mundo – estes são os momentos para a meditação. Diariamente, se quiser tornar equilibrado, você deve equilibrar o exterior e o interior. Ambos devem ter o mesmo peso, para que dentro de você nunca haja desequilíbrio.

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